«À meia noite do dia da Natal, não falando da noite que me ia na alma, dores agudíssimas pareciam retalhar-me todo o corpo. Não chorava, mas gemia; só Jesus sabe quanto eu sofria. Principiei a ouvir o fogo e repiques de sinos. Pedi que me trouxessem umas imagenzinhas do Menino Jesus. Colocadas sobre o meu peito queria aquecê-las. O calor que lhe dei não era o que eu queria dar-lhas; queria queimá-las com fogo de amor. Queria dizer-lhes muitas coisas e não sabia. Estreitei-as ao meu peito docemente e continuei os meus gemidos. Estou certa que Jesus os aceitou e não ficou triste. Ninguém como Ele via quanto eu sofria; ninguém como Ele sabe que mesmo gemendo é por amor que gemo e quando mais não posso. Não sei os minutos que se passaram, o que sei é que passei a outra vida e ouvi Jesus no meu coração: “Nasci no presépio do teu coração minha filha. É o Esposo que vem à sua esposa, é o Rei que vem à sua rainha. Sou Rei do Céu e tu rainha da terra. Como estou bem aqui, ó rainha do amor. O presépio que Me dás não é áspero como o de Belém, é fofo como as tuas virtudes. No teu presépio não sinto os rigores do frio; sou aquecido com o amor mais puro e abrasado. Tu és a minha estrela, estrela que guias o mundo como outrora guiou os Reis Magos no caminho de Belém. Diz minha filha a todos os que cuidam de ti, aos que te são queridos, e rodeiam que lhes dou a abundância das minhas graças, uma enchente do meu divino amor, um lugar reservado em meu divino Coração com a promessa do céu.”»
(Sentimentos da Alma; 25/12/1944)

X