Foi decretado o estado de emergência até ao dia 23 de Novembro, podendo ser renovado por períodos de 15 dias, com a hipótese de se prolongar até ao fim da pandemia. Este estado de emergência, com carácter preventivo, pretende suscitar uma responsabilidade de todos na proteção da vida e da saúde, colaborando ativamente na contenção da pandemia para que os hospitais tenham capacidade de resposta a todos os doentes que precisam dos seus serviços.

Consiste, essencialmente, num recolher obrigatório entre as 23h e as 5h e, ao Sábado e Domingo, entre as 13h e as 5h da manhã. Aplica-se nos 121 concelhos onde a pandemia atingiu os números considerados de grande risco para a população. No momento presente, na Arquidiocese de Braga, todos os concelhos estão abrangidos, com exceção de Vieira do Minho e Terras de Bouro. Haverá uma avaliação periódica, fazendo com que alguns concelhos possam entrar e outros sair desta lista.

Sabemos que a vida pastoral das nossas comunidades e da Arquidiocese tem no Sábado e Domingo uma relevância única. As manhãs do fim-de-semana, até às 13 horas, continuam a ser tempo para uma normalidade pastoral. Pelo contrário, as tardes de Sábado e Domingo não poderão ser ocupadas com atividades pastorais, sejam celebrações ou momentos de formação. Tudo deverá ser repensado a partir destas restrições que devemos cumprir, com muito custo mas com grande sentido de responsabilidade. Não podemos aceitar exceções ou interpretações subjetivas.

Da parte da Arquidiocese iremos cumprir as orientações governamentais. Cada pároco deverá equacionar a oportunidade de passar as eucaristias dominicais vespertinas para o Sábado de manhã, a título excecional e durante este período de emergência. Não podemos, por isso, ter celebrações ou outras atividades depois das 13h de Sábado e Domingo. Para além daquilo que poderemos pensar ser melhor para este período, não queremos ser motivo de contágio direto ou indireto. Queremos ajudar a sociedade a tomar consciência de que há medidas duras necessárias para o bem comum, ainda que nem todos estejam de acordo. Não nos deixemos iludir. A situação é grave. Temos de ser parte da solução. Devemos, também, estar atentos a possíveis orientações a dar pela Conferência Episcopal. Não serão muito diferentes destas. Sendo-o, comunicaremos.

O confinamento é um rude golpe no quotidiano das nossas comunidades. Aproveitemos os tempos das nossas celebrações sem medo e cumprindo escrupulosamente todas as orientações das entidades da saúde. No sacrifício e na dor, tudo pode tornar-se uma graça para uma fé em Cristo Jesus, morto e ressuscitado, mais genuína e autêntica através de um amor vivido, a partir das nossas famílias, numa maior circularidade de vida entre os membros das comunidades que em verdadeira espiral se alarga a amigos e vai ao encontro dos mais pobres e sozinhos. Omnia Vincit amor. Tudo vence o amor. Também esta situação.

Braga, 09 de Novembro de 2020,

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

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