Ao participar na celebração dos 70 anos da Páscoa eterna da Beata Alexandrina Maria da Costa, fomos profundamente tocados pelas palavras do nosso Arcebispo, D. José Manuel Cordeiro. A homilia foi, para nós, uma verdadeira catequese sobre a centralidade da Eucaristia na vida cristã — e uma interpelação direta ao nosso coração.

Logo no início, a citação de Jesus ressoou com força: “Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei”. Quantas vezes carregamos pesos em silêncio, tentando resolvê-los sozinhos, esquecendo que só Ele nos pode dar o verdadeiro descanso? A Eucaristia é esse descanso, esse lugar onde as nossas dores encontram sentido, onde a nossa fome mais profunda é saciada.

A figura de Alexandrina, que hoje recordamos com tanto carinho, aparece aqui como um exemplo luminoso. Uma jovem frágil no corpo, mas fortíssima na alma, que fez da Eucaristia o centro da sua vida. Ela queria ser “a vítima da Eucaristia, a lampadazinha das Vossas prisões de amor, a sentinela dos Vossos sacrários”. Uma linguagem tão simples, mas tão profunda! O mesmo se pode dizer de São Carlo Acutis, outro jovem marcado pela doença, mas cheio de luz. Ele dizia com tanta convicção: “Diante da Eucaristia, torna-se santo!” Que testemunho!

O Senhor Arcebispo recordou ainda que a Eucaristia não é um prémio para os impecáveis — porque esses não existem — mas um remédio para os fracos. E que verdade tão necessária de escutar nos dias de hoje! Muitas vezes, colocamos barreiras a nós mesmos: deixamos de comungar por sentirmos que não somos dignos, esquecendo que é precisamente nesse estado que mais precisamos de Cristo. A Eucaristia é o pão da esperança, a força que nos levanta.

E não posso deixar de mencionar a imagem belíssima do jugo. A Eucaristia como jugo de Deus: não para nos prender, mas para potenciar as nossas forças em união com Ele. Um jugo suave, uma carga leve, porque levada a dois — com Deus.

No final, ficou-nos gravado o apelo à comunhão plena no sacrifício. Alexandrina e Carlo souberam viver essa entrega total. O sacrifício, como disse o Senhor  Arcebispo, não é apenas sofrimento, mas orientar toda a vida para Deus, tirando-nos do centro para O colocarmos a Ele. É isso que transforma uma vida comum numa vida santa. E essa santidade está ao nosso alcance, se quisermos viver para a Eucaristia e pela Eucaristia, com os olhos postos em Deus e o coração aberto aos irmãos.

Saímos desta celebração com uma certeza renovada: só a Eucaristia nos pode dar vida em plenitude. E Alexandrina continua hoje a mostrar-nos esse caminho.

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